Cenas da novela “Saramandaia” (1976)

Cenas da novela “Saramandaia” (1976)

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Autoria: Dias Gomes
Direção: Walter Avancini, Roberto Talma e Gonzaga Blota

Período de exibição: 03/05/1976 – 30/12/1976
Horário: 22h
Nº de capítulos: 160

Os habitantes do fictício vilarejo de Bole-Bole estão mobilizados em torno de um plebiscito para a troca do nome da cidade para Saramandaia. Duas facções promovem uma intensa campanha.

O coronel Zico Rosado (Castro Gonzaga) lidera os “tradicionalistas”, usando justificativas históricas para a conservação do nome original. Os “mudancistas”, liderados pelo coronel Tenório Tavares (Sebastião Vasconcelos), têm o apoio do vereador João Gibão (Juca de Oliveira), autor do projeto: eles alegam vergonha do nome Bole-Bole, relacionado a um episódio ocorrido com D. Pedro II na cidade.

Inspirado no realismo fantástico, Dias Gomes apresentou um painel de personagens exóticos para, por meio da ficção, abordar questões políticas, culturais e socioeconômicas, transformando a cidade fictícia da novela em um microcosmo do Brasil. O coronel Zico Rosado põe formigas pelo nariz; Dona Redonda (Wilza Carla) explode de tanto comer; a sensual Marcina (Sônia Braga) provoca queimaduras com o calor do corpo; o professor Aristóbulo Camargo (Ary Fontoura) se transforma em lobisomem nas noites de quinta-feira. Além disso, sob a aparente corcunda, o pacato João Gibão esconde um par de asas.

No primeiro capítulo da novela, durante uma discussão sobre a mudança do nome da cidade, Seu Cazuza (Rafael de Carvalho) fica tão vermelho que o coração vai parar na boca. Ele consegue engoli-lo de volta, mas é dado como morto – o povo acha que ele não engoliu direito. Como era contra a substituição do nome Bole-Bole, os tradicionalistas logo passam a considerá-lo como o primeiro mártir de sua causa, dizendo que ele morreu de “indignação cardíaca”. O defunto, porém, volta à vida durante seu cortejo fúnebre.

Interesses políticos e econômicos estão por trás da discussão sobre a mudança do nome da cidade. O coronel Tenório Tavares defende a troca, pois pretende lançar no mercado a cachaça Saramandaia, nome que fez questão de registrar antes mesmo da realização do plebiscito. A bebida será concorrente da cachaça Bole-Bole, produzida por seu inimigo, Zico Rosado, defensor ferrenho da manutenção do nome da cidade. A briga, extensiva aos partidários de um e outro, reflete a disputa política entre os dois coronéis, que agem através de meios lícitos e ilícitos para se manter no poder.

No capítulo 13, são apurados os votos do plebiscito, que dá vitória ao nome Saramandaia, em uma disputa apertada.
Os tradicionalistas tentam impedir a mudança, e pedem ao professor Aristóbulo para entrar com um mandado de segurança para anular o plebiscito mas, alguns meses depois, o resultado é homologado. Como vários acontecimentos trágicos se sucedem – a explosão de Dona Redonda, uma seca interminável e a morte do filho do prefeito –, o povo é induzido a atribuir o azar à troca do nome da cidade, levando Zico Rosado a se aproveitar da fé popular para tentar fazer com que Saramandaia volte a ser Bole-Bole. Mas o novo nome é mantido.